Por: Gregorio Lucio
A obsessão espiritual é uma problemática que grassa na sociedade contemporânea, variando seu grau de influenciação e impacto sobre o comportamento de um indivíduo, ou de uma coletividade, afetando até mesmo, em casos mais graves, sua saúde psicológica e orgânica.
Importa entendermos que o mecanismo que une o ser humano à realidade que experimenta durante sua existência, como espírito encarnado ou desencarnado, está centrado nas expressões da mente, a qual coordena todas as manifestações de cada Individualidade em quaisquer planos ou circunstâncias que possamos alcançar para exemplificação.
Portanto, o nível de consciência diante da realidade de si mesmo logra fazer com que o ser abra-se às possibilidades de optar conscientemente pelos caminhos que haverá de trilhar na senda das experimentações que inevitavelmente realizará, ao longo de todo o seu ciclo de desenvolvimento como Espírito que É, rumando para a auto-iluminação.
No entanto, por conta dos mais diversos dilemas existenciais com os quais o homem defronta-se - muitos permanecendo fixados em seu inconsciente desde as eras mais primevas da humanidade -, quais sejam os dramas envolvendo a idéia da ocorrência da morte, da doença, da violência, da solidão, da miséria, da perda, entre outros, este incorre na busca de mecanismos de fuga e alívio das pressões psíquicas que se lhe fazem estressantes e esmagadoras, desta forma surgindo os hábitos perniciosos, comumente observados em nosso meio social, como o tabagismo, o alcoolismo, a drogadição, a sexolatria, etc...vícios profundamente danosos à saúde e refreadores tenazes das possibilidades de transformação mental de todo aquele que se lhes torne um adicto.
Situamos a problemática do comportamento humano, e os seus desvirtuamentos, como premissas para compreendermos que na base das obsessões espirituais existe a conjunção de duas (ou mais) mentes que se afinizam e se estreitam, por identidade de pensamentos e emoções. Dessa forma, o ser encarnado não é e nunca será um marionete nas mãos das individualidades desencarnadas. Todos recebemos as influências das dimensões extra-físicas, tanto as situadas nas regiões de Luz quanto nas regiões de Escuridão, pois que ambas encontram ressonância em nosso mundo íntimo, pelo fato de que nossa própria condição humana caracteriza-se por essa polaridade, Luz e Escuridão (Sombra), que permeia nosso mundo mental e psíquico.
Nossos padrões emocionais estabelecem nossa conduta e pensamentos referentes às impressões que detemos em torno de nós mesmos e do mundo que nos cerca. Enquanto estagiamos inconscientemente em padrões emocionais de caráter perturbador, reagimos quase mecanicamente perante as ocorrências do cotidiano, cujas consequencias podem afigurar-se demasiadamente sérias. A insistência e a repetição de pensamentos em torno de questões deprimentes e perniciosas, vão, aos poucos, sendo fixadas em nossos registros cerebrais, dotando-as de automatismos estabelecidos nas conexões neuroniais, fisiologicamente, e programando, dessa forma, os pensamentos que iremos primeiramente emitir, como resposta aprendida pelo cérebro. Assim, formarão-se padrões de pensamentos de caráter intrusivo, a repetirem-se automaticamente, estabelecendo-se um mecanismo estressante.
O sentimento sistemático de culpa, de desvalorização, de desânimo, de irritação, de revolta, efetivam uma gradual negação de si-mesmo, como forças repressoras que tornam-se verdadeiros gigantes emocionais, a pressionarem "para baixo" os pensamentos de caráter positivo, desvitalizando o corpo e sobrecarregando as estruturas psíquicas, rumando para um processo de adoecimento, podendo levar até mesmo à desencarnação.
Encontraremos aí, unidas à desarmonia iniciada por processos inconscientes da personalidade encarnada, as mentes desencarnadas que buscam, porque também doentes e desajustadas, o convívio psíquico do indivíduo obsediado, nutrindo-se de sua vitalidade e entrelaçando-se ao seu "hospedeiro", num processo de simbiose espiritual, conforme já narrado em livros referentes ao tema.A obsessão dar-se-á dentro de um mecanismo de "retro-alimentação", no qual ambos (obsessor-obsediado) nutrem-se um do outro, comungando dos mesmos pensamentos e padrões emocionais. Tal vinculação se estabelecerá por períodos mais ou menos longos, com a possibilidade de perdurar por uma ou várias encarnações inteiras, a depender da gravidade e dos compromissos que ligam os indivíduos envolvidos no processo perturbador.
Somente com a ocorrência da "quebra" de sintonia entre as mentes conjugadas no processo obsessivo é que será possível alcançar-se a recuperação e a retomada do equilíbrio gradativo para ambos.
O tratamento espiritual torna-se, então, o recurso pelo qual será possível penetrar no campo de ligação das mentes doentias e desvinculá-las, aos poucos, do contato enfermiço e infelicitador no qual deixaram-se fixar.
O passe, a oração, o acompanhamento médico/psicológico (quando a questão afetar de maneira mais profunda as condições psicofisiológicas do paciente), deverão constituir o caminho da reabilitação, ao qual o indivíduo deverá vincular-se a fim de modificar seus padrões de comportamento emocional, suas percepções de si e do outro, conscientizando-se dos seus conteúdos perturbadores e buscando apoios especializados para que possa encontrar meios saudáveis de resolvê-los ou de lidar com estes de maneira madura.
A busca por atividades esportivas, pela ocupação do tempo livre com compromissos edificantes e regulares, o trabalho regrado e ordenado (assalariado ou voluntário), o estudo, a vivência religiosa, o hábito da meditação, entre outros, são instrumentos valiosos dos quais poderá dispor para angariar forças e disposições íntimas a fim de superar os seus conflitos e recuperar o equilíbrio emocional.
A vivência de valores positivos, os quais possam trazer-nos experimentações gratificantes e felicitadoras, é a meta a que devemos nos propor ao longo de nossa atual encarnação. Tornarmos a nossa vida programada por realizações edificantes são o antídoto para os mecanismos perturbadores que poderão situar-nos nos círculos do sofrimento e do flagelo espiritual, aos quais podemos entrar por nossa própria invigilância e descaso diante de nossas necessidades de reajustamento e transformação constantes.
Se procuramos vincularmo-nos aos nossos Guias e Protetores, permitindo que essa ligação se faça cada vez mais profunda, como uma ponte que nos permita chegar aos níveis de compreensão da realidade espiritual, é necessário, antes de tudo, que nossos canais estejam limpos para que o fluxo de nossas energias possam se fundir de maneira cada vez mais profunda.
Devemos, portanto, "subir" em direção aos planos nos quais os Numes de Aruanda encontram-se, ao invés de fixarmo-nos, imóveis, no lamaçal de nossos sofrimentos e indecisões, esperando que eles "desçam", como sempre, para que possamos nos contentar com uma mínima "faísca" de toda a Luz que em Aruanda está e da qual percebemos tão pouco, por conta das sombras da inconsciência a que preferimos nos entregar, para continuarmos com nossos desatinos.
Que a Luz de Aruanda Maior esteja iluminando-nos cada vez mais, na medida em que nos permitimos ir ao Seu encontro!
Saravá!
Parabéns pelo blog meu irmão
ResponderExcluirSaravá
Rodrigo Queiroz
Obrigado Rodrigo.
ResponderExcluirSaravá!
Parabéns Sr. Gregório Lucio pela excelente explanação do conceito de obsessão espiritual, objetivo e sem prolixidade, que nossos orixás e guias espirituais continuem a iluminar sua mente.
ResponderExcluirMeu Mojubà.
Babá Molinari
Obrigado meu Irmão!
ExcluirFico feliz de saber que o conteúdo elabora está sendo útil.
Saravá!