quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A Obsessão Espiritual


Por: Gregorio Lucio

A obsessão espiritual é uma problemática que grassa na sociedade contemporânea, variando seu grau de influenciação e impacto sobre o comportamento de um indivíduo, ou de uma coletividade, afetando até mesmo, em casos mais graves, sua saúde psicológica e orgânica.

Importa entendermos que o mecanismo que une o ser humano à realidade que experimenta durante sua existência, como espírito encarnado ou desencarnado, está centrado nas expressões da mente, a qual coordena todas as manifestações de cada Individualidade em quaisquer planos ou circunstâncias que possamos alcançar para exemplificação.

Portanto, o nível de consciência diante da realidade de si mesmo logra fazer com que o ser abra-se às possibilidades de optar conscientemente pelos caminhos que haverá de trilhar na senda das experimentações que inevitavelmente realizará, ao longo de todo o seu ciclo de desenvolvimento como Espírito que É, rumando para a auto-iluminação.


No entanto, por conta dos mais diversos dilemas existenciais com os quais o homem defronta-se - muitos permanecendo fixados em seu inconsciente desde as eras mais primevas da humanidade -, quais sejam os dramas envolvendo a idéia da ocorrência da morte, da doença, da violência, da solidão, da miséria, da perda, entre outros, este incorre na busca de mecanismos de fuga e alívio das pressões psíquicas que se lhe fazem estressantes e esmagadoras, desta forma  surgindo os hábitos perniciosos, comumente observados em nosso meio social, como o tabagismo, o alcoolismo, a drogadição, a sexolatria, etc...vícios profundamente danosos à saúde e refreadores tenazes das possibilidades de transformação mental de todo aquele que se lhes torne um adicto.

Situamos a problemática do comportamento humano, e os seus desvirtuamentos, como premissas para compreendermos que na base das obsessões espirituais existe a conjunção de duas (ou mais) mentes que se afinizam e se estreitam, por identidade de pensamentos e emoções. Dessa forma, o ser encarnado não é e nunca será um marionete nas mãos das individualidades desencarnadas. Todos recebemos as influências das dimensões extra-físicas, tanto as situadas nas regiões de Luz quanto nas regiões de Escuridão, pois que ambas encontram ressonância em nosso mundo íntimo, pelo fato de que nossa própria condição humana caracteriza-se por essa polaridade, Luz e Escuridão (Sombra), que permeia nosso mundo mental e psíquico.

Nossos padrões emocionais estabelecem nossa conduta e pensamentos referentes às impressões que detemos em torno de nós mesmos e do mundo que nos cerca. Enquanto estagiamos inconscientemente em padrões emocionais de caráter perturbador, reagimos quase mecanicamente perante as ocorrências do cotidiano, cujas consequencias podem afigurar-se demasiadamente sérias. A insistência e a repetição de pensamentos em torno de questões deprimentes e perniciosas, vão, aos poucos, sendo fixadas em nossos registros cerebrais, dotando-as de automatismos estabelecidos nas conexões neuroniais, fisiologicamente, e programando, dessa forma, os pensamentos que iremos primeiramente emitir, como resposta aprendida pelo cérebro. Assim, formarão-se padrões de pensamentos de caráter intrusivo, a repetirem-se automaticamente, estabelecendo-se um mecanismo estressante.


O sentimento sistemático de culpa, de desvalorização, de desânimo, de irritação, de revolta, efetivam uma gradual negação de si-mesmo, como forças repressoras que tornam-se verdadeiros gigantes emocionais, a pressionarem "para baixo" os pensamentos de caráter positivo, desvitalizando o corpo e sobrecarregando as estruturas psíquicas, rumando para um processo de adoecimento, podendo levar até mesmo à desencarnação.

Encontraremos aí, unidas à desarmonia iniciada por processos inconscientes da personalidade encarnada, as mentes desencarnadas que buscam, porque também doentes e desajustadas, o convívio psíquico do indivíduo obsediado, nutrindo-se de sua vitalidade e entrelaçando-se ao seu "hospedeiro", num processo de simbiose espiritual, conforme já narrado em livros referentes ao tema.A obsessão dar-se-á dentro de um mecanismo de "retro-alimentação", no qual ambos (obsessor-obsediado) nutrem-se um do outro, comungando dos mesmos pensamentos e padrões emocionais. Tal vinculação se estabelecerá por períodos mais ou menos longos, com a possibilidade de perdurar por uma ou várias encarnações inteiras, a depender da gravidade e dos compromissos que ligam os indivíduos envolvidos no processo perturbador.

Somente com a ocorrência da "quebra" de sintonia entre as mentes conjugadas no processo obsessivo é que será possível alcançar-se a recuperação e a retomada do equilíbrio gradativo para ambos.

O tratamento espiritual torna-se, então, o recurso pelo qual será possível penetrar no campo de ligação das mentes doentias e desvinculá-las, aos poucos, do contato enfermiço e infelicitador no qual deixaram-se fixar.


O passe, a oração, o acompanhamento médico/psicológico (quando a questão afetar de maneira mais profunda as condições psicofisiológicas do paciente), deverão constituir o caminho da reabilitação, ao qual o indivíduo deverá vincular-se a fim de modificar seus padrões de comportamento emocional, suas percepções de si e do outro, conscientizando-se dos seus conteúdos perturbadores e buscando apoios especializados para que possa encontrar meios saudáveis de resolvê-los ou de lidar com estes de maneira madura.

A busca por atividades esportivas, pela ocupação do tempo livre com compromissos edificantes e regulares, o trabalho regrado e ordenado (assalariado ou voluntário), o estudo, a vivência religiosa, o hábito da meditação, entre outros, são instrumentos valiosos dos quais poderá dispor para angariar forças e disposições íntimas a fim de superar os seus conflitos e recuperar o equilíbrio emocional.

A vivência de valores positivos, os quais possam trazer-nos experimentações gratificantes e felicitadoras, é a meta a que devemos nos propor ao longo de nossa atual encarnação. Tornarmos a nossa vida programada por realizações edificantes são o antídoto para os mecanismos perturbadores que poderão situar-nos nos círculos do sofrimento e do flagelo espiritual, aos quais podemos entrar por nossa própria invigilância e descaso diante de nossas necessidades de reajustamento e transformação constantes.


Se procuramos vincularmo-nos aos nossos Guias e Protetores, permitindo que essa ligação se faça cada vez mais profunda, como uma ponte que nos permita chegar aos níveis de compreensão da realidade espiritual, é necessário, antes de tudo, que nossos canais estejam limpos para que o fluxo de nossas energias possam se fundir de maneira cada vez mais profunda.


Devemos, portanto, "subir" em direção aos planos nos quais os Numes de Aruanda encontram-se, ao invés de fixarmo-nos, imóveis, no lamaçal de nossos sofrimentos e indecisões, esperando que eles "desçam", como sempre, para que possamos nos contentar com uma mínima "faísca" de toda a Luz que em Aruanda está e da qual percebemos tão pouco, por conta das sombras da inconsciência a que preferimos nos entregar, para continuarmos com nossos desatinos.

Que a Luz de Aruanda Maior esteja iluminando-nos cada vez mais, na medida em que nos permitimos ir ao Seu encontro!


Saravá!

4 comentários:

  1. Parabéns pelo blog meu irmão
    Saravá

    Rodrigo Queiroz

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  2. Parabéns Sr. Gregório Lucio pela excelente explanação do conceito de obsessão espiritual, objetivo e sem prolixidade, que nossos orixás e guias espirituais continuem a iluminar sua mente.

    Meu Mojubà.

    Babá Molinari

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    Respostas
    1. Obrigado meu Irmão!

      Fico feliz de saber que o conteúdo elabora está sendo útil.

      Saravá!

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