Na Umbanda tudo tem um fundamento e uma razão de ser.
Não importa se essa "razão de ser" seja diretamente concordante com a ciência moderna, pois nem sempre a visão metafísica preconizada pela compreensão Espiritualista da realidade comporta métodos de mensuração quantitativa e qualitativa, exigências básicas para a comprovação do método científico acadêmico.
Importa sim, que a metafísica característica de um segmento religioso comporte em seus princípios e fundamentos um discurso e uma prática coerentes entre si, e esteja embuída de crítica da realidade de si mesma e da sociedade na qual está inserida. Assim, ambas as formas de compreender a realidade, no seu aspecto religioso e científico, podem se interfacear, não fundindo-se, mas convivendo num mesmo ambiente cultural, sendo comportadas pela fé e pela razão humana, cada uma respeitando a esfera de ação a que lhe pertence.
Dizemos isso para podermos abrir nosso estudo reflexivo a respeito das Ervas na Umbanda.
Deixaremos claro mais uma vez que não iremos aqui passar receitas de banhos ritualísticos, defumações, simpatias, amacis, etc...não que tenhamos nada contra, muito pelo contrário, uma vez que somos umbandista, mas como sempre nossa intenção será a de refletirmos a respeito do porque do uso e da importância das ervas no universo religioso umbandista e como essas estão ligadas aos aspectos físicos e espirituais, segundo o sistema de crença da Umbanda. Como sabemos que em nosso meio existem várias tradições, procuraremos tratar o assunto da maneira mais ampla possível para que tenhamos uma visão satisfatória e adaptável ao máximo número de adeptos.
A Umbanda, por ser essencialmente um credo Espiritualista, compreende a Realidade como sendo portadora de uma porção material e outra porção espiritual. No entanto, como já tratado em textos anteriores, não entendemos estas duas "polaridades" do Universo como estando separadas uma da outra.
Entendemos inclusive que o "mundo material" é manifestação do "mundo espiritual", seus aspectos essenciais coexistem dentro de um sistema maior em que forças sutis transitam entre ambos, carreando os influxos de origem divina/espiritual para o universo material, bem como a experiência dos efeitos materiais em essência repercutem vibratoriamente em determinados níveis mais próximos/imediatos do plano espiritual.
Uma vez compreendida essa questão, passamos a entender como, segundo nosso sistema de crença e experiência religiosa, tudo no planeta é dotado de uma dimensão corpórea/física e uma outra mais essencial/espiritual. As ervas, utilizadas em nossa prática religiosa com as mais diversas finalidades, possuem então uma dimensão corpórea e vital (são seres vivos) assim como uma dimensão espiritual/divina (estão associadas às consciências espirituais ainda em estágio de evolução neste reino anterior ao hominal, assim como está contida nelas a manifestação direta dos Orixás).
Diante de tudo isso, entendemos agora que as ervas podem influenciar o mundo material, quando utilizadas como medicamentos, alimentos, etc...assim como podem influenciar a dimensão espiritual, quando empregadas na rito-liturgia umbandista, em forma de banhos de defesa, defumações, amacis, etc.
Para concluir, abordaremos mais um aspecto de fundamental importância para nossa compreensão. Como dissemos anteriormente, entendemos que tudo que há em nosso planeta, e neste caso, especificamente na natureza, é dotado de uma constituição sutil e espiritual. Dessa forma, é necessário que haja, quando da utilização da erva nas práticas do rito umbandista, uma ligação entre o(s) indivíduo(s)/médium(ns) operador(es) do rito com a erva ou as ervas que serão utilizadas.
É a mente do sensitivo que "dispara" o comando para que sejam movimentadas as forças sutis que estão contidas na erva e no ambiente que será atingido por tal ação magística. Devemos lembrar que para um trabalho espiritual, no qual as ervas serão utilizadas como poderoso recurso, a vontade e o pensamento do operador é que irão subordinar e comandar o processo.
Evidentemente existem práticas de fundamento específicas dentro de cada terreiro que destinam-se justamente a promover esse "despertar" das propriedades espirituais das ervas. Para citar um exemplo, quando o corpo de médiuns canta e dança para os Orixás junto ou próximo às folhas que posteriormente serão utilizadas nos trabalhos ritualísticos da casa, mesmo que muitos dos presentes não o saibam, podemos estar certos de que neste instante está ocorrendo uma verdadeira "agitação" nos planos etéricos/espirituais em cujas dimensões movimentam-se os aspectos curativos/espirituais de nossas folhas sagradas, com as quais sempre poderemos contar como abençoados remédios para o corpo e para as questões espirituais, levando toda a negatividade, os acúmulos nocivos de energias densas, afastando seres espirituais de baixa frequencia e nos colocando vibratoriamente em contato com os Guias e Orixás de nossa amada Umbanda!
Saravá a todos!
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